Capítulo 08
Lá vinha o “novo” Dante. Vestia uma calça jeans dessas de estilo desbotado e rasgado, da moda “acabei de sair de uma guerra, mas lavou tá nova”, sem cinto, então a cada três passos ele tinha que levantá-la pra não aparecer nada de mais. Uma camiseta baby look escura que parecia um pouco apertada, tênis esportivo escuro e óculos de sol por cima do óculos que usava. E como estava escurecendo, sua visão estava um pouquinho mais comprometida. Então vinha calmamente tentando andar do jeito que Guilherme disse que ele devia andar, tomando cuidado para não tropeçar. Como não pegou direito o jeito de andar, o cuidado era dobrado.
A reação de todos era bem diversa. Guilherme tentava disfarçar o riso. Queria esculachar Dante, dando roupas estranhas para ele vestir, mas isso era impossível, pois todos suas roupas eram muito elegantes e da moda, e de alguma forma combinavam entre si. De qualquer jeito, nada ficaria bom, Dante não tinha seu estilo, qualquer coisa ficaria ruim nele.
Carol estava feliz pela mudança, mesmo achando um pouco estranha. Dani tentava pensar que estilo era aquele, talvez, “descolado demais?”. Igor só se conteve ao pensamento: “Nossa que nada a ver!”. E Marina já estava nervosa com Guilherme, por saber das suas intenções. E Dante o que achava? “Ah, era um pouco estranho e não tinha nada a ver com ele. Mas, o que não se faz para vencer os seus medos?”
Ao se aproximar dos amigos, acabou tropeçando e o óculos de sol caindo no chão. Ele logo se apressou para pegar, sorrindo e pensando que nunca iria perder o seu jeito atrapalhado. Guilherme se aproxima e se apoia nele, num "quase abraço".
– Aí está o Dante. Como vocês podem ver, ele está bem diferente e tudo graças a mim.
- Eaí galera. Tudo bele com vocês?
Ele falava um pouco pausadamente, como se tudo o que falasse tivesse sido ensaiado. Tinha se esforçado para falar o mais natural possível, mas era difícil. Carolina sorridente o cumprimenta.
– Tudo sim Dante! Pelo o que eu vejo você está muito bem! Parabéns pela mudança.
– Obrigado. Marina, posso bater um papo... firme com você.
– Claro, acho que nós precisamos conversar.
– Pois é gente, eu preciso contar uma coisa urgente pra vocês. Venham comigo.
Praticamente empurrando os demais para a árvore acima, Carolina leva Guilherme, Dani e Igor de perto de Dante e Marina, que se ajeitam para sentarem próximo a piscina. Dante tinha uma espécie de “cola” que conferia apressado, enquanto Marina não estava olhando pra ele.
– O que você quer contar de tão urgente? – Igor impaciente, querendo saber o que Dante e Marina conversariam.
– Dã, seu inteligente! Não está vendo que era só uma desculpa pra deixar os dois conversarem a sós? – diz Dani cutucando o braço de Igor.
– É, mas eu acho que isso não vai dar em nada. Eu fiz o possível, mas não posso fazer milagres.
– Vendo agora como você fala, preferia que você não tivesse feito nada pra ajudar.
Carol sente uma pontinha de desapontamento.
– Nossa! É isso que eu ganho? Eu ajudo de coração e vocês ainda reclamam. Eu já disse, não posso fazer milagres.
A vítima querendo apa... quero dizer, Guilherme sendo sempre simpático.
– Eu acho que você fez tudo isso de propósito. Só pro Dante pagar mico e passar vergonha na frente da Marina. Eu vou acabar com isso agora mesmo.
Carolina ameaça ir até eles, mas Guilherme a segura pelo braço. Nesse momento, ela sente um baque, porque Guilherme nunca tinha sido tão agressivo assim.
– Me solta!
– Não. Você não vai atrapalhar meus planos. A Marina vai ficar tão decepcionada e vai dar um fora no Dante que ele nunca mais vai querer saber dela. Ela vai ficar toda sentimental e eu vou estar aqui pra consolá-la.
- Guilherme, você é um idiota mesmo! A Marina nunca vai te dar bola. Ela ama o Dante e você nunca vai poder fazer nada pra mudar isso.
- Você não sabe de nada!
- Como eu pude me apaixonar por um cara tão fútil, superficial e tão egoísta como você?
Ao ouvir, Guilherme fica chocado, que a solta. E pensa: “eu sou um cara irresistível mesmo...” Mas depois para e pensa. É A CAROL!
- Han? Garota, do que você tá falando?
- Isso mesmo o que você ouviu.
- Você pode estar brincando...
Carolina fica muito nervosa, sentindo um misto de decepção e alguma coisa que ela não soube explicar, tirou o boné - que dificilmente tirava da cabeça, e revela uma linda garota com seus cabelos ondulados. Guilherme fica mais surpreso.
– Não é possível... Só você não vê que eu sou apaixonada por você à muito tempo e só comecei a me interessar por futebol pra ficar mais perto de você. E mesmo assim, você nunca olhou pra mim.
– Isso é verdade... Eu acho que estava sem óculos quando não te olhei... Rapaz... Você tá tão bonita. Vamos bater um papo aí, gatinha...
Ele tenta se aproximar de Carol, mas ela o afasta.
– Você tá tirando uma com a minha cara né? Agora sou eu quem não quer saber nada de você. Você vai ter que ralar muito pra chegar a ter alguma coisa comigo.
Carolina saiu nervosa até o salão onde estavam suas coisas e Guilherme foi atrás dela correndo desesperado. Nunca tinha olhado pra Carolina mais do que alguns segundos. Dani e Igor ficaram sem reação que mal sabiam o que falar ou fazer. Ficaram alguns momentos parados e olhando um pra cara do outro sem entender nada. Tanto que demoraram um pouco pra assimilar o que estava acontecendo. Quando perceberam saíram correndo atrás dos dois para ver o que aconteceria, até acabaram esquecendo de Dante e Marina.
E por falar neles, que também ficaram sem reação com o ocorrido. No fim acharam melhor mesmo que todos tivessem ido para outro lugar. Assim poderiam conversar melhor. Ficaram alguns minutos em silêncio, até que Dante tomou a iniciativa de iniciar a conversa de uma forma bem original - depois de tentar pegar o papel onde estavam anotadas as coisas que ele deveria dizer e derrubá-lo.:
– Mas então... Tá tá quente né?
– Dante, por favor, já chega. Me dá esse papel aqui. Você não precisa disso.
– Mas...
Marina toma da mão de Dante o papel, rasga e joga os pedaços na piscina.
– Dante, você não precisa mudar pra me conquistar. Não importa se você é tímido e se veste um pouco "original" às vezes. Eu gostei de você assim, do jeitinho que você é.
– Tem certeza? Eu sou assim, tão estranho, um pouco atrapalhado e meu rosto não ajuda em nada...
– Dante! O que é isso? Porque essa autoestima tão lá embaixo? Me escuta. Todos nos deixamos levar pelas aparências, pelas máscaras que as pessoas usam. Mas isso é passageiro. Nós temos que ser nós mesmos, porque somos únicos e estamos vivos.Qual seria a graça se fôssemos todos iguais?
Dante fica um momento reflexivo, pensando na besteira que tinha feito, mas que no fundo não tinha sido tão ruim assim. Mudanças são legais. Só não tão drásticas.
– Você tem razão. Eu me deixei levar pela conversa fiada do Guilherme, pensando que você nunca iria me dar bola pelo jeito que eu era. Mas pensando bem, aqui com meus óculos, acho que tirei uma lição disso. Que devo aprender a expressar o que eu sinto... e que alguma mudança é boa as vezes, só que... menos, né. Esse não sou eu!
Os dois começam a rir juntos.
– É... Você não ficou tão mal assim. Gostei. Mas eu não quero que você mude aqui - Colocando sua mão no peito de Dante
– Pode deixar. Marina, eu sempre gostei de você, mas nunca soube dizer.
– Eu sei, seu bobinho. Eu nunca esqueço daquela vez que nós estávamos na terceira série e alguém tinha me falado que você gostava de mim. Aí quando eu te perguntei no meio sala da aula se era verdade, você ficou tão vermelho e não sabia o que dizer de tanta vergonha.Acho que não foi uma boa ideia dizer isso na frente de todo mundo.
– Pois é... Se você me fizesse essa mesma pergunta há algumas horas atrás, eu reagiria do mesmo jeito.
– Mas agora é diferente. Nós já sabemos do que sentimos um pelo outro. E nada pode impedir que estejamos juntos.
Os dois começam a se aproximar um do outro, mas num impulso Dante se afasta, com receio.
– Mas Marina, você sabe que eu nunca tinha ficado com ninguém e...
– Não precisa se preocupar, eu sei esperar.
Marina então dá um beijo na bochecha de Dante e ele o retribui. Eles ficaram quase uma hora conversando e rindo de todas as vezes em que Dante tentava disfarçar quando ficava envergonhado por estar próximo de Marina. Marina também confessou que pensou várias vezes em dizer o que sentia por ele, mas sempre acabava desistindo por vergonha.
No dia seguinte, depois de terem arrumado tudo e voltarem para casa, Dante e Marina caminhavam de mãos dadas para todos os lados. Carolina e Guilherme faziam o mesmo (indo para todo lado juntos). Só que Guilherme correndo atrás de Carolina o tempo todo, em todos os cantos.
Dani e Igor se divertiam com as cenas, dignas de novelas mexicanas. No fundo Carolina gostava de ter Guilherme correndo atrás e aparentemente ter “esquecido” de Marina e deixando os dois em paz. Havia dito que Guilherme teria que ralar muito por ela, e assim o faria.
Então a segunda-feira chegou e o sinal da primeira aula soava. A novidade do colégio, além dos novos professores, eram os “novos e inesperados casais” formados. Dante um pouquinho mais seguro ao lado de Marina, e Guilherme “atrás” de Carolina. Esses quatro prometiam muitas histórias até a chegada da formatura, pois ainda era o primeiro dia de aula, a lista de chamada recém realizada e o amor havia acabado de começar.
Quer conhecer os personagens dessa história e muito mais?
Perdeu os capítulos anteriores?
Chegamos ao fim da nossa primeira série de #oamorcomeça.
Foi muito legal compartilhar essa história com vocês, espero que tenham gostado.
E aguardem que em breve, uma nova historia aparecerá por aqui!
William Brandão